Sociedade. Caso Bétharram: Bayrou descreve um "episódio difícil", vítimas apontam inação

O caso de violência sexual e física em Bétharram não levou a "nada", apesar das "promessas" de François Bayrou, acusou o grupo de vítimas no domingo em resposta ao primeiro-ministro, que descreveu o episódio como "difícil" para ele e "repugnante" para sua família.

"É especialmente repugnante que, apesar dos compromissos assumidos, nada tenha sido feito", disse Alain Esquerre, porta-voz do coletivo e autor de um livro sobre o escândalo em Notre-Dame-de-Bétharram, uma escola católica nos Pirineus Atlânticos.

François Bayrou foi acusado, principalmente pela esquerda, de ter mentido sobre seu conhecimento da violência e das agressões sexuais perpetradas ao longo de várias décadas na escola secundária onde vários de seus filhos foram educados e onde sua esposa ensinava catecismo.

"Um tribunal político"

O chefe do governo foi interrogado em 14 de maio por uma comissão parlamentar de inquérito, cujos dois relatores apontaram uma "omissão de ação" de sua parte quando era Ministro da Educação Nacional, na década de 1990.

Um "tribunal político", criticou François Bayrou no sábado no programa C à vous. "Foi uma luta muito dura. E para a minha família, foi repugnante", disse ele. "Foi a única coisa difícil que vivi durante estes nove meses" em Matignon, garantiu ele sobre o escândalo de Bétharram, enquanto um voto de confiança na segunda-feira na Assembleia Nacional deve selar sua queda.

Em resposta ao caso, o governo anunciou que implementaria um plano para combater a violência em estabelecimentos privados sob contrato e reforçaria os controles. Mas as vítimas, que se encontraram com o primeiro-ministro em fevereiro, acreditam que essas promessas permaneceram "letra morta".

"Nenhum fundo de compensação criado"

O grupo lamenta que um fundo de compensação "nunca tenha sido criado" e que o "conselho de vítimas" mencionado durante a audiência parlamentar de François Bayrou "não tenha sido implementado". Quanto ao plano do governo, o grupo acredita que ele "ainda precisa ser avaliado para medir sua eficácia".

"Enquanto (François Bayrou) insiste no sofrimento vivido por sua família, o grupo lembra que a verdadeira emergência continua sendo a das vítimas, que ainda aguardam reconhecimento, reparação e apoio psicológico", pode-se ler no comunicado de imprensa.

Até o final de julho, 217 queixas criminais foram registradas pelo coletivo de vítimas de Bétharram, cerca de cem delas relacionadas a crimes sexuais.